Buddy Guy – Born To Play Guitar (2015). É o camisa 10 do blues e o blues está em seu DNA.
Por Lucas Scaliza. “Eu nasci na Louisiana. E com dois anos de idade, minha mãe disse ao meu pai: ‘Nosso menino tem o blues’. Cresci rápido e viajei para bem longe. Uma coisa eu sei: nasci para tocar guitarra!”. É com essas frases que Buddy Guy abre Born To Play The Guitar. seu novo disco.
Mais do que uma boa música, a faixa-título é quase uma mistura de manifesto e testamento. Se tem algo que está incrustado no DNA desse grande guitarrista, talvez até mais do que a música em si, é o blues, em todas as suas manifestações culturais, sentimentais e políticas. O blues, afinal, sempre foi o maior tema de toda a sua carreira e de sua vida. Faz 50 anos que Buddy Guy está nesse ramo (da música, do blues, da guitarra). Seu primeiro disco é de 1965 ( Hoodoo Man Blues ) e, sendo assim, é preciso lembrar que estamos diante de uma lenda, o camisa 10 do blues e que recentemente assumiu a braçadeira de capitão do time Azul, após a morte de B.
- GRAMMY AWARD WINNER BUDDY GUY KEEPS THE BLUES ALIVE WITH THE #1 BLUES ALBUM IN THE COUNTRY – 'BORN TO PLAY.
- George " Buddy " Guy (born July 30, 1936) is an American blues guitarist and singer. He is an exponent of Chicago blues and has influenced guitarists including.
- SRV,E.Clapton,B.Guy,R.Cray,J.Vaughan-Sweet home Chicago,Alpine Valley 8.26. Buddy Guy, Chris Duarte, Takeharu Kunimoto - Chitlins con carne (1995).
- Buddy Guy - Born To Play Guitar (CD) 2015. Loading zoom. Лейбл: RCA Кат. №: 888751203723. Формат: CD Жанр: Blues Количество дисков: 1.
- Low prices on Buddy Guy discography of music albums at CD Universe, with top rated service, Buddy Guy songs, discography, biography, cover art pictures.
B. King. Qualquer que seja o guitarrista de blues ou de rock que possamos reverenciar hoje, ele ouviu Buddy Guy, prestou atenção em seus licks, seus solos, sua dinâmica e seu fraseado elegante. Jimmy Page, Jeff Beck, Eric Clapton, Joe Bonamassa. Steve Ray Vaughan, John Mayer e até Jimmi Hendrix estão no time de influenciados por Guy. É o mais reconhecido expoente do blues de Chicago, o blues elétrico, mas não deixa de passear pelas vertentes mais antigas do estilo. Rhythm & Blues (2013), o disco anterior, era duplo, tinha 21 faixas e uma impressionante pegada blues roqueira, cheio de grandes riffs e refrães excelentes.
Um disco sem pontos baixos. Em Born To Play Guitar o músico alterna entre faixas mais aceleradas e mais lentas, uma após a outra, e se concentra no blues mais puro, nas notas que evidenciam o estilo. É claro que ele cai na vertente mais roqueira em vários momentos (como em “Wear You Out”, em que Guy recebe o apoio de Billy Gibbons, do ZZ Top, e “Whiskey, Beer & Wine”), mas nada tão pop quanto no disco anterior. Mesmo quando é um blues mais acelerado, o pulso firme da levada do blues se impõe, como é o caso na dançante “Too Late”, nas mais sulistas “Kiss Me Quick” e “Thick Like Mississippi Mud” e na mais frívola “(Baby) You Got What It Takes”, com participação de Joss Stone.
E para não dizer que a idade de Guy o fez menos inventivo, “Turn Me Wild” é um blues moderno, tanto nas escolhas de timbre do guitarrista quanto na abordagem do solo. “Crazy World” então, nem se fala. A faixa mais inventiva do disco, coloca eco na voz de Guy e uma mais etérea ao redor da composição, sem falar na bela modulação da harmonia, bem diferente do resto do álbum. Ele também é um mestre em colocar aquele cheiro de distorção nas seis cordas e não precisar correr com sua música, como fica claro em “Crying Out Of One Eye” e “Smarter Than I Was”. Quem se acostumou com a guitarra agressiva do heavy metal está muito habituado a fraseados rápidos e que se tornam massas sonoras indigestas às vezes, em que a beleza da sequência de notas acaba suprimida em favor do efeito da velocidade. Buddy Guy, mesmo quando é veloz, mantém a beleza de cada nota que escolhe tocar. Mais um motivo para você ouvi-lo.
As duas faixas finais são especiais. A primeira, “Flesh & Bone”, cantado ao lado de Van Morrison, é um tributo à B. B. King. De tom mais solene e com jeito de balada, eles lamentam a morte do bluseiro, mas deixam claro que ele continua com eles, porque “a vida é mais do que carne e osso”. Já “Come Back Muddy” é um blues bem tradicional que evoca, é claro, Muddy Waters, o bluseiro americano que primeiro foi influência para Buddy Guy e, em seguida, o colocou em sua banda.
É aqui que o blues se encontra em sua forma mais pura: a saudade, a melancolia, a poderosa voz, os fraseados de guitarra e o ritmo do piano, tudo que conhecemos como as raízes do estilo. Born To Play Guitar não é o tipo de álbum que vai nos trazer uma visão nova sobre o artista.
Tirando um detalhe ou outro, ou a faixa “Crazy World”, ele mostra o que já se esperava dele, estilisticamente falando. Mas ainda é muito bom, ainda muito consciente da contribuição que dá à música e ao blues a cada lançamento. A lenda está estabelecida há muitas décadas, então o que Buddy Guy nos traz agora são avivamentos de sua trajetória e da história do blues.